quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Margarida Rebelo Pinto

Amigos para sempre, ou como vai ser um prazer voltar a viver nestas músicas de sempre

Há coisas que nunca mudam e ainda bem. E esta semana começou com um presente: o regresso de A Idade da Inocência à rádio portuguesa

Uma das coisas que mais me intriga em Portugal é a permanente sensação de que quase nada muda. Na maior parte dos casos tenho pena, porque isso significa aversão à novidade, resistência à modernidade, espíritos atrofiados e mentes com vistas curtas, medo, ignorância, provincianismo e falta de imaginação.

Mas felizmente, nem sempre é assim. Há coisas que nunca mudam e ainda bem. E esta semana começou com um presente: o regresso de A Idade da Inocência à rádio portuguesa.

Como tantos outros portugueses, eu também tenho andado de costas viradas para a rádio portuguesa. São demasiados "jingles" e "spots" comerciais, quase todos parvos e muito poucos com graça, a guerra das "playlists" dá-me vontade de vomitar e a segmentação cortou asas a quem lá trabalha.

Tenho saudades de Freud e Maquiavel e do Herman, sabe-me bem ouvir a voz mágica da Inês Menezes, oiço a TSF para ficar a par do que se passa no mundo, mas prefiro o meu Wolfgang, a minha Holly, o meu Dean e a minha Lisa. Chinesices de escritora pop, é certo, mas é para isso que serve a caixa de seis CDs à frente da minha linda Peugeot 307 Station Wagon.

O regresso da Idade da Inocência às noites da TSF traz-me uma sensação de conforto, como se voltasse a casa. A voz da Margarida Pinto Correia em rádio é extraordinária e a dupla que faz com Luís Ferreira de Almeida é imbatível. Mas é o conceito de A Idade da Inocência que me anima: como é que um projecto parado há seis anos, acorda e recomeça com todo o vigor? A resposta é fácil: porque é simples, bem pensado, escorreito, honesto e eficaz. E por isso mesmo, universal e intemporal.

A Idade da Inocência faz parte da vida de todas as pessoas. E cada pessoa tem o seu universo próprio constituído por um repertório muito pessoal, mas ao mesmo tempo universal. Para mim são os Bee Gees aos doze anos, os Chicago aos treze, os Blondie aos quinze, os GNR aos vinte, os Madredeus aos vinte cinco e por aí fora. Para a minha mãe, o Aznavour, para os meus tios o Adamo, para os meus irmãos mais velhos os Pink Floyd, os Genesis e os Rolling Stones.

Todos temos o nosso património musical, aquele que marcou para sempre coisas completamente pirosas e inesquecíveis como o primeiro beijo, a primeira noite fora de casa, o primeiro desgosto de amor. O meu foi ao som dos Barclay James Harvest e chorei uma semana, sempre a ouvir a mesma música. Cliché mais cliché não há, mas somos todos mais ou menos iguais, quer queiramos quer não, nesta Animal Farm a que alguns chamam país.

Todos gostamos de ouvir outra e outra vez as músicas que 'achamos nós' mudaram a nossa vida ou a marcaram para sempre. Por isso é que A Idade da Inocência volta, porque pode voltar em qualquer ano, para qualquer rádio, em qualquer contexto. Desta vez volta para a TSF, de segunda a sexta, das 22h à uma da manhã.

Vai ser um prazer voltar a viver nestas músicas de sempre, bocados inteiros das nossa vidas projectados dentro das nossas cabeças em technicolor, momentos que julgávamos perdidos no tempo.

Nós somos aquilo que fomos. E todos passámos pela Idade da Inocência. O ovo de Colombo da Margarida e do Luís, residiu apenas no facto de se lembrarem que se pode lá voltar. Sempre. Como com os velhos amigos. Amigos para sempre.

Margarida R. Pinto 02-10-2003 12:47
Portugal Diário - Jornal Em Directo

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Os anos do YéYé

Os anos do Yé Yé (BMG, 1996)

Selecção de Luis Ferreira de Almeida
01. Herve Vilard - Capri C'est Fini
02. Los Bravos - Black Is Black
03. Sylvie Vartan - Si Je Chante
04. Archies - Sugar Sugar
05. Jane Birkin & Serge Gainsbourg - Je T'aime Moi Non Plus
06. The Monkees - I'm A Believer
07. New Vaudeville Band - Winchester Cathedral
08. Scott McKenzie - San Francisco
09. Herve Vilard - Capri C'est Fini
10. The Turtles - Happy Together
11. Francoise Hardy - J'suis D'accord
12. Pop Five Music Incorporated - Ob-La-Di, Ob-La-Da
13. Christie - Yellow River
14. Lynn Anderson - Rose Garden
15. Adamo - Inch Allah
16. Rita Pavone - Cuore
17. Johnny Hallyday - Itsy Bitsy Petit Bikini
18. Neil Sedaka - Oh! Carol
19. Trini Lopez - If I Had A Hammer
20. Pat Boone - Speedy Gonzalez

Os anos do Yé Yé (BMG, 1997)

Selecção de Luis Ferreira de Almeida
01. Procol Harum - A Whiter Shade of Pale
02. Roy Orbison - Oh Pretty Woman
03. The Searchers - Sweets For My Sweet
04. Cliff Richard - The Young Ones
05. Sylvie Vartan - La Plus Belle Pour Aller Danser
06. The Everly Brothers - Bye Bye Love
07. The Byrds - Mr. Tambourine Man
08. John Fred & His Playboy Band - Judy In Disguise
09. Shocking Blue - Venus
10. Manfred Mann - HA! HA! Said the clown
11. The Equals - Baby Come Back
12. Sheiks - Yesterday Man
13. The Box Tops - The Letter
14. Mungo Jerry - In The Summertime
15. Dave, Dee, Dozy, Beaky, Mick & Tich - The Legend of Xanadu
16. The Association - Never My Love
17. The Mamas and Papas - California Dreamin'
18. Sandie Shaw - Puppet on a String
19. Trini Lopez - La Bamba
20. Chubby Checker - Let's Twist Again

[dois discos com fortes ligações ao programa]